Ha sessenta anos iniciava-se a minha história... Podem me achar doido, afinal quatorze dias atrás completei meus vinte e sete anos de idade, como falar que minha história começou há sessenta anos? Pois bem, não vou negar, sou sim doido! Doido de amor por aquela que hoje completa seus sessenta anos de vida, que aos trinta e três anos de idade me gerou em seu ventre, e deu a luz ao seu décimo filho, o útimo, o caçula. Mesmo tendo parido nove filhos, quatro deles haviam morrido, oras em complicações de parto, e outro com um ano de vida (antes do meu nascimento)... Enfim, era eu alí, o último filho, o fim daquela prole: éramos então quatro homens e duas mulheres, eu porém paparicado, acariciado, acarinhado, dengado e com os mesmos cuidados do primeiro, ou melhor, superando todos os adjetivos ditos, afinal até então além de pai e mãe, já tinha cinco irmãos, pra me zelar. Lógico, sem falar dos tios, primos, avó, padrinhos e amigos...
Sempre fui muito ligado à minha mãe, acredito que na família somos os mais amigos, nos entendemos pelo olhar, sempre foi assim.
Dona Irani não é fácil. Uma negrinha, baiana com pouco mais de um metro e meio de altura. E infinito cuidados e amor... Dona de casa, mãe de família, mulher exemplar, guerreira inigualável... Minha heroína, minha inspiradora... Minha razão de viver!
Mamãe, como sempre a chamo, ou mãezinha... Minha deusa, minha rainha. Sempre me surpreende... Mesmo após tantos filhos, nos presenteou com a adoção de mais um membro pra família, minha sempre linda e amiga irmã de coração Carla Adriana. Mamãe batizou Carla, e logo depois os pais dela se separaram, e então mamãe fez jus ao compromisso de ser madrinha, a pegou como filha, e então ganhei uma irmãzinha, mais uma caçula para todos nós bajular.
Com pouco tempo após esta adoção, Deus nos surpreende com a dor da perda de Vanilda (uma de minhas irmãs), uma doença rápida, que não nos deu a chance de ao menos despedir dessa joia. Foi triste e até hoje é doído para nós, principalmente para minha mãe. Depois disso veio a separação da minha mãe e do meu pai, esta foi boa para todos, principalmente para os dois. Na verdade foi uma libertação para minha mãe, deixou-á mais dona de si, mais firme, determinada e feliz.
Depois disso foi agraciada com as netas, os netos, as noras, os genros e com o desandar da vida, o aumento da família... Foi e é só alegria...
Bom, hoje completando seus sessenta anos de idade, olho para o passado dela, da nossa família, da minha história e vejo uma mãe vencedora, uma guerreira que nunca desistiu, uma mãe que abre mão de qualquer coisa ou de qualquer um para estar junto de suas crias. Sempre foi assim, e é assim até hoje. Fico com o coração apertado com a distancia entre eu e ela, costumo ir visitá-la em média tres vezes ao ano, afinal hoje moro em Brasília e ela continua na minha terra natal Aruanã - GO.
Pois é mãezinha, queria mesmo era dar aquele abraço, passar o dia ao lado da senhora, daquele nosso jeito apegado, eu em um sofá a senhora no outro e nossas mãos entrelaçadas. Infelizmente, ou felizmente não posso, afinal estou aqui, cuidando da minha vida, enquanto a senhora daí cuida da vida e da família, pois sempre foi e sempre será o esteio, o alicerce dessa nossa família. Meus desejos são os melhores para a vida da senhora, acredito que assim como a sessenta anos atrás, hoje o universo se abre à favor da senhora, se abre para realizar seus desejos, essas energias positivas que nos circulam hoje, são especialmente pra senhora...
Peço ao Papai do Céu que dê saúde, paz, força e esperança para a senhora, para que possa viver no mínimo mais sessenta anos. Que continue sendo essa minha razão de viver, esse meu orgulho, minha paixão e tudo de melhor que Deus já fez nessa terra...
Feliz Aniversário Mãezinha... Parabéns!
Te amo!
Eu e minha Mãe, Dona Irani Manaia.
Segue abaixo o vídeo do Agnaldo Timóteo & Ângela Maria com a música "Mamãe" em sua homenagem: